sábado, 24 de março de 2012

Hoje eu vou voar...


Hoje vou voar.
Vou ultrapassar os telhados de todas as casas, apanhar boleia no planar dos pássaros e ser apenas e só uma nuvem.
E é isso mesmo que me torno quando na minha essência me sinto como tal.
Uma nuvem esbranquiçada, que paira sobre o imenso céu azul, tocando no mais alto cume das montanhas e beija o sol, deixando passar entre mim os seus raios quentes de luz.
Hoje sou uma nuvem leve, que se deixa encaminhar pela brisa suave de um dia primaveril, mas que às vezes também é baça pesada e carregada.
As pessoas são mesmo como as nuvens. Algumas mais aéreas que outras, vivem ao sabor do vento, aparecendo de vez em quando, em tentativas furtivas de se fazerem notar com a sua nébula impiedosa que impede que o sol aqueça o mundo por momentos.
Pobres nuvens, que desconhecem o poder de um raio de sol! E são levadas de imediato a uma evaporação solar execrável, desaparecendo por tentarem ser mais do que aquilo que realmente são, por não respeitarem a ordem natural das coisas.
Existem outras que aparecem, já cinzentas, carregadas daquilo que absorvem.
Lágrimas, são lágrimas que fazem explodir na natureza! E quando estão assim, o mais certo é haver tempestade.
Doloridas, tristes, zangadas, plenas de mágoa. Vagueiam devagar pelo céu, sem verem que no seu esplendor passa a beleza de um firmamento que com elas também se entristece. O seu ar é carregado, sem brilho, pesado de uma leveza que deveria ser ligeira. Mas elas pouco se importam. Antes, todas as nuvens ao seu redor são tocadas por esta trepidez. Tentam perceber, conhecer, ajudar. Mas sempre que se aproximam, há faíscas que as desfazem em bramidos que fazem tremer a terra!
Não sabem estas nuvens que mais vale chorar. Deixar cair essas lágrimas de uma chuva límpida e precisa que ajudará todos os que por ela vivem e permitirá que lhes seja devolvida a acalmia de um espírito que o sol tornará parte de um todo.
Quanto às outras nuvens, há que saber ter paciência. Hoje, são vítimas da trovoada alheia, amanhã serão elas próprias causadoras de intempéries. Mas todas são iguais, na sua verdadeira essência!
Todos os dias, vemos nuvens no céu. Pelo menos, réstias delas percorrem o firmamento há procura de um lugar ao sol.
Esvoacem nuvens, palmilhem o espaço que a natureza vos dá para se conhecerem, para cumprirem o vosso dever enquanto elementos da natureza. Os raios que agora vos absorvem são os mesmos que vos farão crescer. As lágrimas com que se enchem, alimentarão o continuar da natureza.
E assim serás, querida nuvem: parte de um todo que precisará sempre muito de ti!
“Sorria, embora o seu coração esteja a doer. Sorria, mesmo que ele esteja partido. Enquanto houver nuvens no céu você sobreviverá!
Charles Chaplin

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Salmo do dia (SALMO 77)

CLAMEI a Deus com a minha voz, a Deus levantei a minha voz, e ele inclinou para mim os ouvidos.

No dia da minha angústia busquei ao Senhor; a minha mão se estendeu de noite, e não cessava; a minha alma recusava ser consolada.

Lembrava-me de Deus, e me perturbei; queixava-me, e o meu espírito desfalecia. (Selá.)

Sustentaste os meus olhos acordados; estou tão perturbado que não posso falar.

Considerava os dias da antiguidade, os anos dos tempos antigos.

De noite chamei à lembrança o meu cântico; meditei em meu coração, e o meu espírito esquadrinhou.

Rejeitará o Senhor para sempre e não tornará a ser favorável?

Cessou para sempre a sua benignidade? Acabou-se já a promessa de geração em geração?

Esqueceu-se Deus de ter misericórdia? Ou encerrou ele as suas misericórdias na sua ira? (Selá.)

E eu disse: Isto é enfermidade minha; mas eu me lembrarei dos anos da destra do Altíssimo.

Eu me lembrarei das obras do SENHOR; certamente que eu me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade.

Meditarei também em todas as tuas obras, e falarei dos teus feitos.

O teu caminho, ó Deus, está no santuário. Quem é Deus tão grande como o nosso Deus?

Tu és o Deus que fazes maravilhas; tu fizeste notória a tua força entre os povos.

Com o teu braço remiste o teu povo, os filhos de Jacó e de José. (Selá.)

As águas te viram, ó Deus, as águas te viram, e tremeram; os abismos também se abalaram.

As nuvens lançaram água, os céus deram um som; as tuas flechas correram duma para outra parte.

A voz do teu trovão estava no céu; os relâmpagos iluminaram o mundo; a terra se abalou e tremeu.

O teu caminho é no mar, e as tuas veredas nas águas grandes, e os teus passos não são conhecidos.

Guiaste o teu povo, como a um rebanho, pela mão de Moisés e de Arão.